Conflito entre facções leva a tentativa de homicídio durante “saidinha”; operação policial prende suspeitos e apreende provas
Uma operação da Polícia Civil de Roraima realizada na quarta-feira (11) resultou na prisão de dois suspeitos de tentativa de homicídio e na apreensão de materiais que teriam sido utilizados na execução do crime. A ação, batizada de Saidinha Temporária, também levou à prisão de outras quatro pessoas por tráfico de drogas e associação criminosa. A ofensiva é parte das investigações sobre um atentado ocorrido no dia 12 de maio, no bairro Pérola, zona Oeste de Boa Vista.
De acordo com as investigações, a tentativa de homicídio estaria ligada ao acirramento da disputa entre facções criminosas que atuam no estado. As vítimas, dois homens identificados apenas pelas iniciais W.R.S., foram alvejadas em frente à residência onde moram, após uma discussão com um dos suspeitos. Segundo o delegado Jean Daniel, quatro indivíduos em duas motocicletas participaram da ação, sendo R.R.L. o autor dos disparos e L.G.S. um dos cúmplices. Ambos estavam em liberdade temporária concedida pelo sistema penal.
A operação cumpriu mandados de prisão e busca nos bairros Equatorial e Senador Hélio Campos, onde foram apreendidas motocicletas, capacetes, roupas e outros objetos que podem ter sido usados no crime. Os mandados de prisão preventiva foram expedidos contra R.R.L. e L.G.S., que já cumpriam pena por outros delitos, mas foram beneficiados com a chamada saidinha.
Durante as diligências, a polícia ainda prendeu quatro pessoas em flagrante por tráfico e associação criminosa. Os presos foram identificados como R.N.S.M., de 19 anos; N.F.S., de 31; N.F.F., de 20; e R.P.S.O., de 19 anos. As prisões ocorreram após buscas autorizadas pela Justiça e revelam, segundo o delegado, a extensão da atuação das facções envolvidas.
O caso ganha ainda mais complexidade diante do perfil das vítimas. Uma delas, de acordo com a polícia, também era beneficiária de saída temporária e estaria ligada a uma organização criminosa rival à dos autores dos disparos. A linha investigativa considera a possibilidade de que o atentado tenha sido um ajuste de contas no contexto da guerra entre facções.
A operação recebeu o nome Saidinha Temporária em alusão ao benefício judicial que permitiu que tanto os agressores quanto uma das vítimas estivessem em liberdade no momento do crime. A referência também serve, segundo a Polícia Civil, como crítica à política de concessão do benefício, que foi recentemente revogada com a sanção da Lei nº 14.843/2024, a qual extinguiu as saídas temporárias do sistema penal.
Todos os detidos foram apresentados nesta quinta-feira (12) à Justiça durante audiência de custódia e permanecem à disposição do Judiciário.