Proposta gera resistência dos motoristas alternativos, que questionam modelo e exigem reconhecimento do serviço prestado.
Nesta quarta-feira (11), a Universidade Estadual de Roraima (Uerr) sediou uma audiência pública para debater a licitação do serviço de transporte público intermunicipal. O objetivo central era apresentar um modelo de concessão para 23 linhas principais de ônibus que interligam Boa Vista aos municípios vizinhos e regularizar o funcionamento dos transportes alternativos – táxis e vans –, seguindo recomendação do Ministério Público emitida há mais de dez anos.
A audiência contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), soldado Sampaio (Republicanos), e da deputada Catarina Guerra (União), que preside a Comissão de Viação, Transportes e Obras. Também participaram representantes do Poder Executivo e cooperativas de transporte alternativo, entre motoristas e taxistas. Estiveram presentes cerca de 600 profissionais, que trouxeram preocupações sobre os impactos da concessão.
O principal ponto de discórdia foi a proposta de delimitar horários e pontos de operação: os ônibus se fixariam na rodoviária, enquanto as vans e táxis intermunicipais operariam em pontos alternativos. Segundo os profissionais presentes, essa medida beneficia empresas que atuam nas rotas principais e prejudica quem atua de forma intercambiável, além de desapontar pela falta de diálogo prévio com as cooperativas.
Na audiência, os deputados se comprometeram a aprofundar as discussões com novas sessões técnicas e públicas, envolvendo municípios e atores diversos. “O debate técnico virou clamor social, com 600 pais e mães de famílias envolvidos”, afirmou o deputado Sampaio, lembrando que o transporte alternativo é fundamental em áreas de difícil acesso e representa um vínculo de confiança construído com o tempo.
Da mesma forma, a deputada Catarina Guerra enfatizou a necessidade de construção coletiva. “Vamos levar em conta as especificidades de cada município e buscar caminhos jurídicos e técnicos para garantir justiça e viabilidade”, disse ela, anunciando a formatação de uma equipe técnica e a proposição de novas audiências.
Do lado das cooperativas, Silvia Silvestre, gerente de Desenvolvimento da OCB‑RR, comemorou a abertura ao diálogo. “Pedimos que os trabalhadores sejam reconhecidos em sua realidade; é um serviço complementar, essencial nas rotinas mais remotas”, destacou.
Em um pronunciamento, o presidente do Conselho Rodoviário Estadual, Raimundo Maia, assegurou que não há intenção de excluir o transporte alternativo do modelo, mas sim integrá-lo à nova concessão, desde que sejam garantidas as condições operacionais para todos os segmentos.
O encontro concluiu sem definições prontas, mas com a clareza de que haverá continuidade nas discussões. Agora, o prazo e as datas para as novas audiências serão definidos, e técnicos dos diferentes órgãos envolvidos deverão formar comissões para elaborar uma proposta que concilie interesses de transporte regular, alternativo e a regulamentação recomendada pelo Ministério Público.