Governo Maduro intensifica cerco a Juan Guaidó com nova ordem de prisão internacional

Governo Maduro intensifica cerco a Juan Guaidó com nova ordem de prisão internacional
Juan Guaidó durante coletiva em 2022, antes de deixar a Venezuela. Agora, exilado nos EUA, é alvo de nova ofensiva judicial do regime chavista.
Procuradoria venezuelana acusa opositor de subornar autoridades espanholas e solicita novo alerta vermelho à Interpol.

 

O Ministério Público da Venezuela solicitou, em 13 de junho de 2025, uma nova ordem de prisão contra o ex-líder opositor Juan Guaidó, desta vez baseada em acusações de suborno a autoridades espanholas. A medida é acompanhada por um pedido de alerta vermelho à Interpol, o que, se aceito, obrigaria os países-membros a detê-lo e extraditá-lo, caso seja localizado fora dos Estados Unidos, onde atualmente reside.

Segundo o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, um áudio comprometeria Guaidó com a proposta de pagamento mensal de 500 mil euros, por três anos, a autoridades espanholas, em troca do reconhecimento de seu governo interino, que vigorou entre 2019 e 2023. Durante esse período, Guaidó foi respaldado por mais de cinquenta países, incluindo os Estados Unidos e a maioria da União Europeia, que não reconheceram a legitimidade da reeleição de Nicolás Maduro em 2018.

As novas denúncias se somam a uma série de acusações pré-existentes que pesam sobre o ex-deputado, incluindo usurpação de funções, lavagem de dinheiro, traição à pátria e associação para delinquir. Ao todo, Guaidó responde a 29 processos judiciais na Venezuela. Em outubro de 2023, ele já havia sido alvo de um pedido de prisão por supostamente “entregar” a Citgo — filial da petrolífera estatal PDVSA nos EUA — à oposição venezuelana, o que impediu o governo de Maduro de ter acesso às reservas da empresa e ao ouro venezuelano depositado na Inglaterra.

A defesa de Juan Guaidó, até o momento, nega as acusações e alega se tratar de uma perseguição política sistemática por parte do regime chavista. Em declarações anteriores, o político qualificou os processos contra si como “montagens jurídicas” e afirmou que os mesmos têm como objetivo enfraquecer a oposição venezuelana no cenário internacional.

A repercussão internacional segue dividida. Enquanto os Estados Unidos ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o novo pedido de extradição, analistas afirmam que dificilmente Washington permitirá a deportação de Guaidó, considerando sua condição de exilado político e o histórico de apoio que recebeu do governo norte-americano. Já a Interpol, embora costume não interferir em questões de natureza eminentemente política, ainda não se manifestou sobre a nova solicitação de alerta vermelho.

A escalada do conflito jurídico contra Juan Guaidó ocorre em um momento delicado para a Venezuela, que se prepara para eleições em 2025 sob um clima de forte tensão entre governo e oposição. O caso pode comprometer ainda mais o frágil diálogo entre os dois blocos políticos, além de reacender discussões sobre a legitimidade do uso do sistema judiciário como instrumento de repressão política.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você tambémpode gostar desse conteúdo

PUBLICIDADE

LEIA MAIS

Rolar para cima