Famílias rurais denunciam ameaças e cobram regularização de terras em Roraima

Famílias rurais denunciam ameaças e cobram regularização de terras em Roraima
Moradores da comunidade Morada Nova, em São Luiz do Anauá, denunciam ameaças e pedem a regularização das terras ocupadas há nove anos
Produtores rurais em São Luiz do Anauá afirmam viver sob intimidação e esperam que a visita da CPI da Grilagem traga avanços na regularização fundiária

 

Moradores da comunidade Morada Nova, na zona rural de São Luiz do Anauá, voltaram a denunciar ameaças e conflitos por posse de terras. Com cerca de 96 famílias vivendo e produzindo na região há quase uma década, eles dizem ser alvo de grileiros interessados em tomar suas áreas à força. Nesta sexta-feira (13), representantes da Assembleia Legislativa de Roraima visitaram a comunidade para apurar as denúncias.

A diligência foi realizada pela CPI da Grilagem de Terras, que investiga fraudes e ocupações ilegais em todo o estado. A comitiva, formada por parlamentares e técnicos do Iteraima (Instituto de Terras e Colonização de Roraima), percorreu a região da Gleba Jauaperi e ouviu relatos de agricultores que vivem da terra e aguardam a regularização fundiária.

“A gente vive aqui há anos. Temos casas, plantações e ordem de ocupação do Incra. Queremos só o direito de continuar vivendo e produzindo”, disse o agricultor Geilson Lima da Silva, um dos moradores da comunidade.

Segundo o deputado Renato Silva (Podemos), relator da CPI, o objetivo da visita foi ver de perto a situação das famílias e reunir informações para a elaboração de um novo relatório técnico. “Eles produzem, constroem suas vidas aqui. Vamos analisar os dados, mapear as áreas e buscar uma solução justa para todos”, afirmou.

A disputa por terras na região se intensificou após a transferência da posse do território da União para o Estado. Desde então, produtores relatam entraves no processo de regularização junto ao Iteraima e um aumento nas ameaças por parte de supostos grileiros.

Para Jadiel Mineiro, que cultiva banana na comunidade, a visita reacende a esperança de uma solução. “Queremos a terra para plantar, não para vender. Vivemos da roça e precisamos de segurança jurídica para seguir em paz”, disse.

O vice-presidente do Iteraima, Moisés Lima, também acompanhou a diligência e reforçou o compromisso do instituto em colaborar com a comissão. “Vamos avaliar os processos e garantir que a terra seja usada da forma correta. Nosso foco é promover justiça social e segurança para quem vive do campo”, declarou.

Investigação em curso

Criada em fevereiro deste ano após denúncias do Ministério Público de Contas, a CPI da Grilagem apura um possível esquema de fraudes na concessão de terras públicas em Roraima. Desde então, a comissão já ouviu vítimas, testemunhas e servidores públicos, e percorreu diversas áreas do interior do estado.

Entre os desdobramentos da investigação, está o afastamento da ex-presidente do Iteraima, Dilma Costa, após ser incluída como investigada por suspeita de obstrução. Também chamou atenção a prisão do procurador Jamiro Alves da Silva, durante uma audiência, por suspeita de falso testemunho.

Diligências anteriores também revelaram contradições em documentos oficiais e denúncias de violência em áreas como Gleba Equador, Vicinal Zé Valdo e Gleba Baliza, onde, segundo parlamentares, há títulos emitidos para terras que seguem desocupadas.

A comissão já apresentou um relatório preliminar recomendando a investigação de títulos irregulares em várias regiões do estado, como Baliza, Equador, Ereu, Cauamé e PDA Anauá.

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